Vanguardas Europeias

O chamado fin-de-siècle apresentou uma variedade enorme de estilos e pensamentos, transformando-se num dos mais agitados e férteis períodos da arte mundial.
No fim do século XIX e no começo do século XX, o mundo passava por grandes e importantes transformações, muitas delas decorrentes da Revolução Industrial: a tecnologia colocava-se a serviço do bem-estar dos homens.
Os avanços técnico-científicos aguçavam ainda mais a burguesia, maior compradora e, consequentemente, principal incentivadora do consumismo. Aliava-se a isso certa melancolia dos decadentistas do Simbolismo, decorrente da crise provocada pela possível dependência do homem em relação à maquina. Esse foi o contexto histórico em que surgiram as chamadas vanguardas europeias.


Fauvismo

Mulher com Chapéu, de Matisse
Em 1905 ocorreu, em Paris, a exposição do primeiro movimento de vanguarda do século XX, o Fauvismo.
O termo vem do francês, fauves, que significa "feras". Ao ver a exposição, um crítico de arte classificou aquilo como arte irracional, própria de feras, daí o Fauvismo.
De fato, o azul do céu ficou verde; o mar, amarelo; a grama, vermelha. Assim eram os fauvistas, alucinados, alucinados pelas cores vibrantes, explosivas. Em tudo havia em êxtase de sentimentos, misto de primitivismo infantil com delírio maduro. Seus maiores representantes são Matisse e André Derain.

Expressionismo

O Grito, de Münch
O expressionismo reporta-se aos vários movimentos de vanguarda do fim do século XIX e início do século XX, cujo interesse não era somente uma exteriorização da obra de arte e sim projetar através dessa uma reflexão individual e subjetiva. Ou seja, uma forma de recriar o mundo, ao invés de apenas compreendê-lo ou moldá-lo conforme aquilo que era exposto aos olhos. 
As obras expressionistas tinham a pretensão de romper com as academias de arte e com o impressionismo, movimento artístico anterior a este. 
O Expressionismo se diferencia do Realismo por não estar interessado na idealização da realidade, mas em como é compreendida pela pessoa. Porém, possui uma semelhança com o movimento realista, quanto ao fato de ter uma visão “anti-Romantismo” a respeito do mundo. 
As características do expressionismo são: o distanciamento da figuratividade; a ilusão da tridimensionalidade; o resgate das obras primitivas e a utilização de cores e traços fortes. Como o interesse do movimento é projetar uma reflexão subjetiva, é comum o retrato de seres humanos solitários e sofredores, onde a intenção é de captar estados mentais, que podem ser vistos em vários quadros de personagens deformados, como o ser humano desesperado sobre uma ponte de O Grito, do norueguês Edvard Munch, um dos representantes do movimento. 
O principal precursor do movimento foi o pintor holandês Vicent van Gogh, que empenhou em recriar a beleza do ser humano e da natureza por meio da cor, que para ele consistia no elemento essencial da pintura.


Cubismo

Guernica, de Picasso
Este movimento artístico tem seu surgimento no século XX e é considerado o mais influente deste período. Com suas formas geométricas representadas, na maioria das vezes, por cubos e cilindros, a arte cubista rompeu com os padrões estéticos que primavam pela perfeição das formas na busca da imagem realista da natureza. A imagem única e fiel à natureza, tão apreciada pelos europeus desde o Renascimento, deu lugar a esta nova forma de expressão onde um único objeto pode ser visto por diferentes ângulos ao mesmo tempo.
O marco inicial do Cubismo ocorreu em Paris, em 1907, com a tela Les Demoiselles d''Avignon, pintura que Pablo Picasso levou um ano para finalizar. Nesta obra, este grande artista espanhol retratou a nudez feminina de uma forma inusitada, onde as formas reais, naturalmente arredondadas, deram espaço a figuras geométricas perfeitamente trabalhadas. Tanto nas obras de Picasso, quanto nas pinturas de outros artistas que seguiam esta nova tendência, como, por exemplo, o ex-fauvista francês – Georges Braque – há uma forte influência das esculturas africanas e também pelas últimas pinturas do pós-impressionista francês Paul Cézanne, que retratava a natureza através de formas bem próximas as geométricas. 
Historicamente o Cubismo se dividiu em duas fases: Analítico, até 1912, onde a cor era moderada e as formas eram predominantemente geométricas e desestruturadas pelo desmembramento de suas partes equivalentes, ocorrendo, desta forma, a necessidade de não somente apreciar a obra, mas também de decifra-la, ou melhor, analisa-la para entender seu significado. Já no segundo período, a partir de 1912, surge a reação a este primeiro momento, o Cubismo Sintético, onde as cores eram mais fortes e as formas tentavam tornar as figuras novamente reconhecíveis através de colagens realizadas com letras e também com pequenas partes de jornal. 
Seu maior representante é o espanhol Pablo Picasso.

Futurismo

The City Rises, de Boccioni
O futurismo foi um movimento artístico e literário instituído com a publicação do Manifesto Futurista do poeta italiano Filippo Tomasso Marinetti, no ano de 1909. 
Os principais sinais do futurismo eram o movimento, a velocidade, a vida moderna, a violência e a ruptura com a arte do passado, já que os adeptos do movimento rejeitavam o moralismo, o passado. Os primeiros futuristas europeus também engrandeciam a guerra e a violência. O movimento tem o estilo de expressar o movimento real, assinalando a velocidade exposta pelas figuras em movimento no espaço. 
O futurismo desenvolveu-se em todas as artes e exerceu influência sobre vários artistas que, posteriormente, criaram outros movimentos modernistas. Repercutiu principalmente na França e na Itália, onde diversos artistas se identificaram com o fascismo nascente. 
A pintura futurista foi influenciada pelo cubismo e pelo abstracionismo, porém o uso de cores vivas e contrastes e a sobreposição das imagens tinha a pretensão de passar a idéia de dinamismo. O interesse do artista futurista não é pintar um automóvel, e sim captar a forma plástica, a velocidade descrita por ele no espaço. 
O futurismo influenciou diversos artistas no Brasil que depois fundaram outros movimentos modernistas, como Oswald de Andrade e Anita Malfatti, que tiveram contato com o Manifesto Futurista em viagens à Europa, em 1912. 
O movimento enfraqueceu após a Primeira Guerra Mundial, porém seu espírito inquieto e rumoroso deixou indícios no dadaísmo. Nas artes plásticas, as obras reproduzem o mesmo ritmo e espírito da sociedade industrial. Na literatura, as principais expressões aconteceram na poesia italiana.

Dadaísmo

Nu Descende Escada, de Marcel Duchamp
O romeno Tristan Tzara, em 1916, liderou em Zurique um grupo de artistas que converge para um estranho e, aparentemente, estilo artístico sem sentido: o dada. Uma das explicações para esse termo é a recorrência às primeiras palavras emitidas por uma criança.
Assim é o Dadaísmo: provocador, anárquico, absurdo, nonsense (ausência de lógica) e perturbador, cuja finalidade era protestar contra os horrores da guerra e acordar a imaginação do mundo. Seus maiores representantes foram Tristan Tzara, Marcel Duchamp e Jean Arp.


Surrealismo

A persistência da memória, de Salvador Dali 
Movimento nascido do Dadaísmo, o Surrealismo buscava a arte do automatismo, ou seja, a criação sem controle consciente, numa tentativa de atingir o imaginário inconsciente. Nada poderia ter lógica.
André Berton, um de seus idealizadores, compunha suas obras a partir da interpretação freudiana dos sonhos. O improviso e a alucinação são pontos essenciais no movimento. Seus maiores representantes são André Berton, René Magritte, Salvador Dali e Joan Miró. 

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